terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O Deus Criador e o Mundo Criado: Criados para Cultivar e Admirar

Série: O Discipulado Cristão
Rev. Gustavo L. Castello Branco
Se o homem não tivesse pecado ainda assim teria que trabalhar? O trabalho é uma consequência do pecado? O que dizer sobre o descanso e o lazer? Eles são obrigatórios segundo a Palavra de Deus ou um prêmio para quem cumpre com as suas obrigações?A construção de cidades, a invenção de remédios, o desenvolvimento de tecnologias modernas, das ciências e das filosofias podem ser entendidas como vontade de Deus ou devem ser encaradas como resultado da ação pecaminosa humana? Cristãos podem ser progressistas ou devem ser conservadores?

Essas são perguntas que todos os cristãos devem saber respondê-las e por isso vamos tratar delas nesse estudo. A forma como vamos encarar o mundo ao nosso redor e a vida em geral dependerão das nossas respostas a essas mesmas perguntas. Elas tratam da vontade de Deus para as nossas vidas, ou seja, elas nos ajudam a entender o sentido da nossa existência. Por que e para que vivemos? É disso que vamos falar hoje. E vamos começar dizendo que Deus nos fez para “REINAR COMO MORDOMOS

1. O Reinado do Homem: Feitos para a Mordomia (Gn.2:4-5)

Quais as duas razões pelas quais não haviam nascido ainda as plantas? Podemos dizer que Deus precisava do homem para que as plantas nascecem e crescecem?

A Bíblia deixa claro que um dos propósitos de Deus em nos criar foi nos fazer seus mordomos, quer dizer, nos criou para que cuidássemos de sua criação, sendo participantes com Ele nessa tarefa. Deus desde o início nos chama para trabalharmos junto com Ele no mundo que Ele mesmo criou. Disso podemos tirar, pelo menos duas conclusões maravilhosas:
1º - O trabalho é algo santo, bom, proveitoso e que nos deveria dar prazer, ao invés de ser algo que temos que fazer na marra se quisermos sobreviver.
2º - Desde o início Deus decidiu delegar responsabilidades ao invés de fazer as coisas, sozinho. E isso não foi porque Ele precisava, mas porque Ele simplesmente quis dividir, compartilhar; quis que fôssemos participantes na obra de embelezar. Ele deu um sentido para as nossas vidas! (Gn. 2:15)

2. O Reinado do Homem: Feitos para Reinar

Acontece que o livro de Gênesis não nos apresenta só como mordomos, mas também como reis. Vejamos as ordens do Senhor para nós quando nos criou (Gn. 1:26, 28). “Fertilidade”, “multiplicação”, “subjugação”, “domínio sobre tudo”, “encher a terra”.
Olhando para essas expressões fica claro que o Senhor nos fez para governar toda a terra e para criar em cima daquilo que já tinha sido criado por Ele. Deus criou todas as coisas do nada (“ex nihilo”). Nós somos chamados a recriar, usando aquilo que já nos foi dado. É como dizemos: “Tudo vem de ti, Senhor e do que é teu te damos”.
As ordens multipliquem-se e encham a terra deixam claro que o Senhor nos fez para nos reproduzirmos, constituirmos uma família, formarmos comunidades, forjarmos sociedades. Mais do que isso, essas ordens deixam claro que o Senhor não gosta de imobilismo e de preguiça, nem de apego exagerado às pessoas e às coisas. Desde o início Ele nos chamou para nos espalharmos sobre a terra ao invés de ficarmos concentrados, acumulando riquezas, “inchando até explodir”... Isso é pecado! Deus gosta é da criatividade, da ousadia e do movimento.
As ordens de subjugação e de domínio deixam claro que Deus nos chamou para reinar ao seu lado sobre toda a natureza criada. Aqui vemos que as descobertas científicas, as evoluções tecnológicas, a modificação da natureza pelo homem não é necessariamente algo mau. O Senhor mesmo nos disse para dominar e subjugar e nos deu inteligência e vontade para tanto. O pecado é querermos fazer tudo isso independente dEle e de sua vontade revelada ou, o que é pior, fazermos “contra Ele”.
A ordem de fertilidade nos dá a idéia de que Deus nos criou para a prosperidade e para a abundância, mas sempre para a glória de seu nome. Essa ordem não tem haver só com a reprodução humana, mas com todas as áreas das nossas vidas. Devemos ser frutíferos (férteis) nos nossos estudos, nos nossos trabalhos, nas nossas brincadeiras, no nosso evangelismo, no nosso serviço aos outros... Deus não queria somente que cuidássemos de sua criação, mas também que a tornássemos ainda mais bela. Enfim, o Senhor nos criou não para fazermos ou sermos só o necessário, mas para “sermos em abundância” e “fazermos em abundância”. Se existe miséria, egoísmo, falta e mesquinharia no mundo, certamente a culpa não é de Deus...

Leia Mt.25:14-30 e responda: Por que, nessa parábola, Jesus condenou o servo que devolveu exatamente o que o Senhor tinha lhe dado? Por que esse servo foi chamado de inútil e considerado mau e negligente?

Até agora ficou claro que o Senhor nos fez para sermos “Reis-Mordomos” ou “Mordomos-Reis”, isto é, para que administrássemos tudo que Ele criou para a glorificação do seu santo nome. Fazendo isso segundo o plano de Deus, seríamos plenamente felizes. Entretanto, existe algo faltando para completarmos o nosso entendimento do plano de Deus para as nossas vidas. Esse algo encontra-se no famoso 7º dia (ou dia do descanso). Sem esse “grand finale” a criação estaria incompleta e nossas vidas não fariam sentido nenhum.

3. O Reinado do Homem: Mordomos feitos para Admirar (Gn.2:1-3)

É interessante percebermos que o 7º dia foi o último da criação, mas o primeiro na vida de Adão e Eva, ou seja, suas vidas começaram presenciando a admiração de Deus por sua criação. Que impacto isso deve ter tido na vida deles?
Scott Hahn, comentando sobre o “descanso” de Deus no 7º dia, escreveu: “O sétimo dia não significa a exaustão de Deus, mas a sua extrema beleza em convidar seus filhos para viverem dedicados ao propósito para o qual Ele nos criou: descansar na bênção e santidade de nosso Pai agora e por toda a eternidade”.
O Shabath significa que por mais importantes sejam todas as tarefas que o Senhor nos deu para desempenhar nessa vida, o sentido último de nossa existência não está em nenhuma das tarefas por si mesmas. O sentido último de nossas vidas está em viver com Deus e para Deus. O sentido último das nossas vidas é adoração. Em outras palavras, todo o nosso trabalho, estudo e diversão devem ser feitos como resposta de gratidão e louvor ao Senhor que nos criou. “Trabalho e adoração, portanto, foram criados para andar de mãos dadas” (Hahn 48).
A importância do 7º dia é tão grande que o Senhor incluiu na Lei que deu para o seu povo um dia para que nos lembrássemos dele (Ex. 20:8-11). Como diz ainda Scott Hahn: “O Shabath, portanto, serve para nos lembrar que a nossa realização requer algo mais do que possamos obter por nosso próprio trabalho natural ou na nossa vida terrena. Eis aí por que Israel tinha que guardar o Shabath. Para que pela renovação de sua aliança com seu Pai eles continuamente redescobrissem o quanto eles podiam confiar nEle para que providenciasse tudo que precisavam. Inclusive a força que era necessária para cumprir a sua Lei”.

4. Conclusão.

Através do 7º dia aprendemos que fomos feitos REIS-MORDOMOS criados para ADMIRAR a Deus e suas obras por toda a nossa vida! Durante essa semana pense no sentido da sua vida e pergunte ao Senhor em oração como Ele quer que você o sirva. Mesmo quando achamos que já sabemos, Ele tem sempre coisas novas para nos mostrar e novas missões para nos confiar. Amém

O Deus Criador e o Mundo Criado: Feitos à Sua Imagem e Semelhança

Série: O Discipulado Cristão
Rev. Gustavo L. Castello Branco

1 – Introdução.

Como certa vez escreveu o filósofo Aristóteles, “O que é último em execussão, é primeiro em intenção”. O homem e a mulher foram criados por último como coroação da obra que Deus fez. Isso significa que Deus criou o mundo para nós mesmos e que, desde o início da criação, o Senhor tinha a intenção de nos criar à sua “imagem e semelhança” para na terra habitar e, assim fazendo, vivermos felizes para a glória do seu nome.

II – Feitos a Imagem e Semelhança de Deus.

Mas... o que significa mesmo dizer que somos a imagem e semelhança de Deus? Em poucas palavras, significa que somos capazes de pensar racionalmente, que temos vontade própria para além dos nossos instintos e que temos uma peculiar capacidade de amar. Como afirma Scott Hahn, “Como seres humanos, nos encontramos em algum lugar entre os anjos e os animais, com corpos físicos e almas”. Porque temos um corpo somos capazes de nos relacionar diretamente com o mundo material que o Senhor criou, isto é, comer, dormir, sentir sensações como frio e calor, sentir prazer e dor. Porque temos uma alma somos capazes de amar, compreender o sentido do mundo ao nosso redor, nos entristecer, nos alegrar e nos relacionar significativamente.

Frequentemente as pessoas nos dão valor por nossa inteligência, por nosso dinheiro, por nossa posição social (status) ou outra qualidade. Muitas vezes nós mesmos nos avaliamos de acordo com esses critérios. De acordo com a revelação de que fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança, esses julgamentos estão certos ou errados? Por que? De que depende o nosso valor?

III – Feitos Homem e Mulher (Gn. 1:27)

Quando Deus criou a raça humana, Ele, em sua infinita sabedoria, a fez em dois sexos, sem pedir opinião de ninguém. Da mesma forma que os seres humanos não decidiram como o mundo deveria ser, mas já o receberam pronto, belo e completo, assim também o Senhor determinou o sexo de cada um de nós. Portanto, isso não é uma questão de escolha, mas de recebimento. O fato de sermos homens ou mulheres é um presente gratuito e amoroso de Deus que devemos honrar e celebrar com alegria.
Mas por que o Senhor fez assim? É claro que é impossível entendermos completamente os mistérios das decisões de nosso Deus, mas parte da resposta tem haver com a sua própria natureza. Desde a eternidade o Senhor existe “em família”, como um Deus Trino, ou seja, um só Deus que existe em três pessoas em eterna relação de amor mútuo. Interessante que o versículo 26 do capítulo 1 de Gênesis é o único em que o verbo “fazer” aparece no plural, dando uma idéia de que houve um planejamento entre uma pluralidade de pessoas antecedendo o ato de criação, ou seja, uma conversa, uma combinação. Em outras palavras, Deus sempre existiu e sempre existirá em uma constante relação de amor. Por isso, ao fazer o ser humano à sua “imagem e semelhança”, Ele planejou que o mesmo estivesse também em constante relacionamento de amor. Por isso mesmo fez “homem” e “mulher”, como a base da sociedade.
Além do fato de que homem e mulher juntos refletem o próprio ser de Deus, outras verdades valiosas podem ser apreendidas com a forma que o Senhor criou Adão e Eva e com o que Ele ordenou para eles.

Leiamos Gn. 2:18-24

Gênesis 2:18 é o único versículo do relato da criação onde vemos que Deus achou algo que “não era bom” em sua criação. Por que Deus decidiu criar a mulher?
O que aconteceu antes do Senhor fazer com que o homem dormisse? O que aprendemos com a atitude de Adão?
Como Adão reagiu quando viu a mulher?
Outra coisa que aprendemos é que Deus criou princípios para o bom relacionamento de um casal e para o crescimento sadio da sociedade. Esses princípios são:
  • Deixar a casa dos pais (fisicamente, emocionalmente, financeiramente);
  • Formação de uma nova união entre um homem e uma mulher (envolve compartilhar de propósitos, amor, cumplicidade, companheirismo);
  • Relação Sexual – Longe de ser o “pecado original” a relação sexual foi criada e abençoada por Deus (Gn.1:28). Ela foi criada não só como meio de procriação, mas também como meio de recreação, expressão de amor e ato de profunda comunicação entre um homem e uma mulher. É definitivamente algo santo! Entretanto, nossa sexualidade deve ser cultivada dentro de uma relação de compromisso, amor e respeito mútuos.
IV – Considerações Finais.

Hoje estudamos a nossa natureza. Fomos feitos a imagem e semelhança do nosso Criador, portanto, com uma dignidade que não depende de nada além do próprio Criador. Vimos também que faz parte da nossa natureza e da vontade de Deus para nós que nos relacionemos uns com os outros; o Senhor criou dois sexos diferentes que juntos e vivendo em interação, refletem a natureza de Deus que é Trindade. No nosso próximo encontro concluiremos nosso estudo da criação de Deus, vendo a missão que o Senhor nos deu como raça humana que vive em seu Reino criado.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Deus Criador e o Mundo Criado: A Santa Rotina

Série: O Discipulado Cristão
Rev. Gustavo L. Castello Branco.

LEITURA: Gênesis 1


1. Introdução.

De onde viemos? Por que estamos aqui? Qual o sentido de nossas vidas? Por que o mundo é do jeito que é? Quem é Deus? Essas são perguntas que o livro de Gênesis (o primeiro da Bíblia) nos ajuda a responder. Vamos então hoje dar uma olhadinha na estória da criação do mundo e ver o que Deus nos diz sobre Ele mesmo e seus propósitos para as nossas vidas.

2. Desde o começo Deus é Deus.
Como começa a Bíblia? Qual é a primeira afirmação que encontramos na Palavra de Deus?

É surpreendente que a Bíblia não comece tentando provar a existência de Deus, mas assume esse fato como uma verdade inquestionável. Ao invés de dizer, por exemplo: “No princípio Deus já existia porque Ele sempre existiu desde a eternidade...”, as Escrituras simplesmente dizem: “No princípio criou, Deus...”. Isso nos mostra que na Bíblia Deus é Deus independente de nós. Sua existência não pode e não é para ser provada cientificamente, como querem alguns, até porque todas as ciências humanas foram por Ele criadas e, como tais, elas é que devem ser validadas ou não por Ele. Ao contrário, a existência de Deus é para ser descoberta na medida em que o experimentamos em nossas vidas e conhecemos a sua Palavra revelada. Através do relato da criação do mundo começamos a vislumbrar o caráter de um Deus justo e cheio de amor que nos criou para a interagirmos com o mundo, nos relacionarmos uns com os outros e sermos felizes.

3. Significado das Repetições em Gênesis 1.

Devemos sempre prestar atenção especial às idéias ou frases repetidas várias vezes nas Escrituras porque elas normalmente nos revelam verdades profundas sobre Deus e seu plano para o mundo. Tentemos identificar algumas dessas repetições no primeiro capítulo de Gênesis.

4. Uma Santa Rotina!


A linguagem poética de Gênesis 1 deixa claro que o nosso Deus é um verdadeiro músico e dançarino. Ele ama o rítmo, a ordem (ou organização) e a beleza.
Como era a terra quando Deus a criou? (v.2)
Como Deus deixou a terra depois dos sete dias?
Muito interessante ver que nos 7 dias de criação Deus resolveu os dois “problemas” da terra, isto é, ser “sem forma” e ser “vazia”. O Senhor deu forma e encheu nosso planeta de uma maneira maravilhosamente organizada! Fez, assim como os pais fazem quando estão esperando um bebê, ou seja, “preparou a casa” para a nossa chegada.

Toda essa organização, enfatizada no texto pela repetição das expressões: “Disse Deus” e “passaram-se tarde e manhã; esse foi o ‘X’ dia” nos ensinam que o Senhor é Deus de ordem que valoriza a rotina, o rítmo de vida, a beleza e harmonia. Isso também nos ensina que Deus ama trazer ordem onde há confusão; preenchimento onde há vazio; movimento onde há inércia; vida onde há morte. Ainda hoje Ele faz isso nas nossas vidas, dando um sentido para a nossa existência.
Como vai a sua rotina de vida? Você tem gostado dela?
As pessoas tendem a viver entre dois extremos. Umas adotam um estilo de vida totalmente sem ordem, sem sentido, sem organização, ou seja, fogem de uma rotina “como o diabo foge da cruz”. Normalmente essas pessoas, fogem de uma relação de casal, usando expressões como, “Eu é que não vou me encoleirar!” O outro grupo de pessoas é aquele que vive uma rotina estressante, repetitiva, monótona, sem vida, sem espaço para as boas surpresas da vida e sem contemplação das boas dádivas dadas por Deus.
Ambos os grupos estão vivendo uma vida desagradável ao Senhor, pois Deus criou um equilíbrio entre repetição e variedade para que vivêssemos nele e tivéssemos uma vida saudável e plena de felicidade. É a “santa rotina” onde a necessidade de ordem e a necessidade da novidade na vida do ser humano são preenchidas. Se buscarmos esse equilíbrio estaremos agradando o nosso Deus e seremos pessoas muito mais felizes.
Que tipo de pessoa você tem sido?O que você precisa fazer para assumir a “santa rotina” em sua vida?
5. Conclusão: “Eita Mundão Bão, arretado!”

Outra expressão muito repetida nesse capítulo de Gênesis é “E viu Deus que era bom”. Além disso, o texto afirma que depois de ter criado todas as coisas Deus viu que “tudo quanto fizera... era muito bom”. Ora, se Deus gostou da ordem da criação e ele é Deus bom, amoroso e justo, quem somos nós para não gostar?
Pense nisso: A rotina do mundo é a poesia de Deus para o benefício dos seres humanos.
Agora, leia-mos e meditemos no Salmo 19.

domingo, 12 de outubro de 2008

O Discipulado Cristão e a Metodologia de Jesus


© Copyright 2008. Rev. Gustavo L. Castello Branco. Série: O Discipulado Cristão. Concatedral Anglicana da Ressurreição, João Pessoa – PB – Diocese do Recife



Ao enviar os discípulos para fazer outros discípulos “de todas as nações”, Jesus já tinha dado o modelo do que está envolvido necessariamente em um processo de discipulado, isto é, da abordagem a ser utilizada, bem como dos objetivos a serem atingidos. Os apóstolos e primeiros cristãos captaram bem isso durante os 3 anos que conviveram com o Filho encarnado, e nós, hoje em dia, precisamos também entender essa metodologia se quisermos ser fiéis ao mandado de Deus em Cristo, seu Filho amado. É importante que aprendamos desde o começo que o discipulado cristão visa a transformação de mentes e envolve necessariamente três questões: 1 - Um processo de ensino-aprendizagem; 2 – O desenvolvimento de relacionamentos significativos; 3 – Uma prática missionária. Analisemos, então, cada um desses pontos.


1. O Ensino–Aprendizagem no Discipulado Cristão (Mt. 11:1; Mc.4:1; 6:2)


Jesus Cristo, antes de “entregar a sua vida em resgate de muitos”, esteve anunciando, por alguns anos, a chegada do reino de Deus e as verdades sobre a vida neste reino. Mateus, por exemplo, testifica que logo depois dos 40 dias de tentação no deserto “passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt. 4:17). Essa era a mensagem central de Jesus, ou seja, que uma nova era estava iniciando-se a partir dEle. Acontece que ao anunciar a chegada do reino de Deus, Jesus também falava dos valores desse reino e de como os seus súditos deveriam se comportar. Por isso em várias oportunidades Ele ensinava seus discípulos através de parábolas ou diretamente (Mt. 11:1, Mc. 4:1, Mc. 6:2).Fato é que com o surgimento do pecado e a nossa conseqüente quebra de comunhão com o Senhor, nossa capacidade de conhecer sua vontade e obedecê-la ficou completamente prejudicada. Nós não só herdamos a natureza pecadora (tendência natural e inerente para o pecado). Nossos ancestrais também criaram culturas, visões de mundo e ideologias que não glorificam a Deus e não correspondem ao seu plano para as nossas vidas. Como nós inevitavelmente nascemos e somos criados dentro de uma dessas culturas e segundo uma dessas visões de mundo, aprendemos a reproduzir o estilo de vida do “status quo”. Em outras palavras, vivemos como todo o resto do mundo, assumindo e reproduzindo os mesmos valores e prioridades. É por isso mesmo que nossas mentes e corações precisam ser “reprogramados”; é por isso que precisamos aprender novos padrões de comportamento e critérios de decisão e viver segundo estes; estamos sendo preparados para a vida no reino que vem dos céus e está sendo implantado aqui na terra, entre nós. Nesse reino não há lugar para imperfeições ou maldades, por isso Jesus nos chama para sermos seus discípulos. Certa vez o Senhor convidou: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt.11:29). Isso é para mim e para você!

Quais são alguns dos valores e prioridades que fazem parte de nossa cultura, moldando a nossa visão de mundo, mas que não estão de acordo com a vontade do Senhor para as nossas vidas?

2. A Dimensão Relacional do Discipulado Cristão


Em seus três anos de efetivo ministério terreno Jesus formou uma pequena comunidade. Interessante é que Ele não escreveu nenhum livro como outros líderes religiosos o fizeram. Isso porque Ele mesmo era o livro vivo! Ele era a revelação plena da vontade de Deus literalmente em carne e osso, e os seus discípulos, especialmente os apóstolos, na medida em que vivessem em comunhão com Ele e uns com os outros seriam o testemunho vivo da vontade de Deus para o mundo. O que é o Novo Testamento, senão, uma coletânea das experiências vivenciadas pelos discípulos de Jesus no primeiro século? Jesus não deixou um livro porque preferiu deixar uma comunidade. E Ele mesmo disse que “as portas do inferno” não prevaleceriam contra a sua Igreja (Mt.16:18). Nisso vemos a importância de ser Igreja para podermos ser cristãos. Não existe cristianismo “Eu e Deus LTDA”. Se, por um lado, a salvação é questão pessoal e “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm. 14:12), por outro, o projeto de Deus é coletivo e somos “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1 Peter 2:9).O discipulado cristão não é composto simplesmente de reuniões sociais, mas envolve necessariamente o estabelecimento e desenvolvimento de relações significativas uns com os outros e nossa com Deus. A Igreja não é um clube, mas é uma comunidade de irmãos que se conhecem, ama-se e trabalham pelo reino que veio, está vindo e virá. O aprendizado não é simplesmente teórico, mas vivencial. O apóstolo Paulo disse aos seus discípulos: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” (1 Co.11:1). Precisamos não só “conhecer sobre Deus”, mas principalmente “conhecer a Deus” em um nível pessoal e íntimo, isto é, precisamos deixá-lo participar de nossas vidas. Assim também, precisamos não só conhecer superficialmente uns aos outros, mas sim crescermos em intimidade, amor e serviço mútuos. Afinal, como o apóstolo João escreveu: “aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo. 4:20).

Você tem vivenciado a dimensão relacional do discipulado cristão? Em caso afirmativo, como? Em caso negativo, por quê?


3. O Discipulado Cristão e a Missão de Deus (1Pe. 2:9; At.1:6-9; 19:13-17; Mt. 17:14-18; 10:5-8; Jo. 15:2; 15:5)


Vários missiólogos têm reafirmado a famosa frase: “Não é que Deus tenha uma missão para a sua Igreja, mas sim que Ele tem uma Igreja para a sua missão”. O SENHOR é um Deus essencialmente missionário! Desde o início da criação Ele tem vindo ao encontro da humanidade para nos trazer de volta para uma comunhão plena com Ele e restabelecer a harmonia no mundo criado. Com a vinda do messias tornou-se claro que essa missão passa necessariamente pelo anúncio da obra salvadora realizada por Cristo na cruz do Calvário e pela proclamação do Senhorio de Jesus sobre todo o cosmos.Nós somos convidados pelo próprio Deus para ser agentes dessa missão de reconciliação universal (At.1:6-9). Nosso chamado para ser discípulos é inevitavelmente também um chamado para sermos testemunhas; nosso chamado para ser Igreja é necessariamente também um chamado para participarmos da missão confiada à Igreja. Jesus disse: “Qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc. 8:38). Entretanto, nossa participação na missão da Igreja não deve ser tida como um mero dever, mas sim como um privilégio, pois realmente o é! Como está escrito: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo. 4:19). Nós temos um propósito na vida porque Ele nos deu uma missão a cumprir! (1 Pe. 2:9)No processo de discipulado cristão existem dois perigos opostos quanto à nossa participação missionária. O primeiro é nos engajarmos de qualquer maneira, isto é, sem um relacionamento pessoal e verdadeiro com o Senhor da missão (At. 19:13-17; Jo.15:5). O segundo é não nos engajarmos nunca (Jo.15:2, Mt.17:14-18). É interessante observarmos que Jesus, mesmo sabendo que os apóstolos ainda não estavam totalmente preparados (já que todos o abandonariam quando fosse preso) e que nem tinham entendido totalmente a natureza de sua missão (já que não sabiam que o messias precisaria morrer pelos pecados da humanidade e ressuscitar para reinar eternamente), enviou-os dois a dois em missão nas cidades próximas para curar, expulsar demônios, ressuscitar mortos e pregar as boas novas do reino (Mt.10:5-8). Assim também nós nunca estaremos totalmente preparados, no entanto, devemos ir, em dependência e submissão.

Você tem alguma idéia de como você pessoalmente pode contribuir com a missão que Deus confiou à Igreja? Em caso positivo, explique de forma sucinta.


4. O Discipulado e a Transformação


Por fim, lembremos mais uma vez que o objetivo último do discipulado cristão é a nossa santificação, isto é, a reconstrução da imagem de Cristo em nós. Como está escrito: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co.3:18). “Transformação” é a palavra-chave aqui. Em essência, ser discípulo de Cristo Jesus é deixar-se cumprir em nós o que a Palavra de Deus nos pede em Rm. 12:1-2, isto é:


“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
(Romans 12:1-2)

sábado, 4 de outubro de 2008

Disciulado Cristão: Os Dois Encontros

© Copyright 2008 Rev. Gustavo L. Castello Branco. Série: O Discipulado Cristão
Concatedral Anglicana da Ressurreição, João Pessoa – PB – Diocese do Recife

O Discipulado Cristão: Os Dois Encontros

Depois de exercer seu ministério, ensinando, curando, expulsando demônios e ressuscitando mortos, por mais ou menos 3 anos entre o povo de Israel no início do primeiro século desta era, Jesus, que era o Cristo (isto é, o messias esperado) entregou a sua vida como sacrifício pela salvação do mundo, ressuscitou dos mortos e, antes de subir aos céus e sentar-se à direita de Deus para reinar sobre toda a criação, deu a seguinte ordem aos seus discípulos:

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt.28:18-20)

Nós estamos aqui hoje, como Igreja, para continuar o cumprimento de sua ordem, chamando pessoas de todas as culturas, raças, sexos e classes sociais para arrependerem-se de sua maldade, rendendo-se ao Senhorio de Jesus Cristo e tornarem-se seus discípulos, até que Ele volte em grande glória e poder. Mas o que significa, de fato, ser um discípulo de Cristo? Como podemos nos tornar verdadeiramente seguidores do Senhor Jesus? Quais são os pré-requisitos e as conseqüências do discipulado cristão?
São a essas perguntas que primeiro dedicaremos a nossa atenção. Hoje, aprenderemos através de 2 encontros que Jesus teve com pessoas diferentes e que acabaram ocasionando o início de uma relação de discipulado entre o Senhor (como mestre) e aqueles que se encontraram com Ele (como discípulos).

1º Encontro (Mt. 4:18-22): Jesus e os Ocupados.
A – Quem eram essas pessoas? O que notamos sobre seu estilo de vida no texto lido?
B – Em quem se tornaram depois de seu encontro com Jesus? O que mudou em suas vidas?
2º Encontro (At. 9:1-9): Jesus e o Perseguidor.
A – Quem era essa pessoa? O que notamos sobre seu estilo de vida no texto lido?
B – Em quem se tornou depois de seu encontro com Jesus? O que mudou em sua vida?
Explicação
O 1º encontro se dá entre Jesus e alguns daqueles que mais tarde viriam a compor o colégio apostólico. Pedro, André, Tiago e João eram homens comuns, que tinham uma vida comum e trabalhavam duro para sustentar a si e suas famílias. Eram pessoas que “não tinham tempo a perder com aventuras imaturas e infantis”, pois tinham que ganhar a vida. São a esses super-ocupados e responsáveis pescadores que Jesus faz o convite: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”. Eles, impactados pelo poder contido em tais palavras, de acordo com o texto, deixaram seus afazeres diários e “imediatamente o seguiram” (vs. 20 e 22). Respondendo assim, esses simples pescadores, homens comuns do povo, vieram a ser apóstolos do Senhor, considerados como colunas da Igreja de Cristo (Gl.2:9). Foi através do testemunho e dos escritos deles e dos discípulos que a mensagem da salvação chegou até nós. Jesus convoca os “normais” para serem seus discípulos.
O 2º Encontro foi entre o Senhor e um dos maiores inimigos da Igreja no primeiro século, Saulo de Tarso. Saulo se opunha ferozmente ao cristianismo, perseguindo os cristãos até a morte. Seu encontro inesperado com Jesus mudou radicalmente o rumo de sua vida, transformando-o em um discípulo e apóstolo. De fariseu legalista e respeitoso (Fp. 3:4-6) passou a ser “apóstolo dos gentios” que eram desprezados, excluídos e discriminados pelos outros judeus (Rm. 11:13); mesmo sendo intelectualmente muito bem preparado e respeitado, tendo sido discípulo de Gamaliel, um dos grandes líderes fariseus daquela época, e mesmo tendo alta posição social e respeitabilidade política, já que possuía cidadania romana (At.22:25-29) submeteu-se a ser considerado como louco diante do imperador (At. 26:24-25). Além de tudo isso, passou de perseguidor de Cristo e seus seguidores a perseguido por Cristo e com os seus seguidores (2 Co. 4:8-10). Enfim, como Paulo mesmo confessa em sua Epístola aos Filipenses “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp.3:7-8)

Perguntas de Reflexão:
1 – O que há de comum nos dois encontros?
2 - Com qual dos encontros você mais se identifica? Por que?

Para Meditação Durante a Semana
1 - Lucas 9:57-62
2 - Lucas 14:28-33
Pergunta: Você deseja ser um discípulo de Cristo?

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ebooks Evangélicos

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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sermões e Estudos em Gênesis - IV. Babel

SERMÕES E ESTUDOS EM GÊNESIS

(IV). BABEL: O Projeto de Deus X O Projeto das Nações

1. Gênesis em Perspectiva, Recapitulação.
Uma possível divisão do livro de Gênesis seria Gn. 1-2 – Deus se revela através de sua criação; Gn. 3 – 11 – O homem se mostra através de sua rebelião; Gn. 12-50 – Deus inicia seu projeto de redenção. Como vocês já viram nas semanas anteriores, ao invés de tentar nos revelar em detalhes como o mundo foi criado (satisfazendo a mente do homem moderno) Gênesis começa nos revelando o caráter de Deus e seus propósitos para nós através de sua criação; depois, somos apresentados ao pecado (falência) humana em nas diversas dimensões: individual (Gn. 3), familiar (Gn. 4), de toda a raça humana (Gn. 6). Neste último episódio as Escrituras chagam a declarar a generalização do mal: “O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre para o mal” (Gn.6:5). Em todas essas dimensões vê-se sempre o julgamento divino ao lado de sua iniciativa graciosa e salvadora. Deus nunca desistiu de nós, apesar de nós! Mais do que isso, Ele nunca desistiu de seu projeto inicial para a totalidade de sua criação.
2. O Projeto Declarado e Retomado.
No ato da criação, o Senhor claramente estabeleceu o propósito (sentido) da vida humana. Em Gn.1:26-28 vemos os seguintes imperativos: “domine”, “sejam férteis”, “multipliquem-se”, “encham”, “subjuguem”. O Senhor nos criara para administrar a criação e para recriar a partir do já criado (cultura, ciências, linguagens, artes), tudo para sua glória e louvor. Desde o começo ficou claro que nós escolheríamos fazer tudo isso não com Deus, mas apesar dEle. Então, na época de Noé, a ira do Senhor foi derramada, julgando a humanidade de então, mas em virtude de sua graça, o mesmo projeto é retomado. Em Gn. 9: 1-7, depois que Noé e sua família saem da arca, vemos as mesmas ordens do início com a diferença de que agora não somente o reino vegetal era dado como alimento ao homem, mas também o reino animal. Vejam que no versículo 7 Deus enfatiza: “Mas vocês, sejam férteis e multipliquem-se; espalhem-se pela terra e proliferem nela”. E o que acontece agora? Bem... Aí entra em cena o episódio de hoje.
3. O Projeto Sempre Confrontado.
Gênesis 10 é o capítulo que contém o que é conhecido como Tábua das Origens das Nações, pois descreve a descendência de Noé e mostra como esta espalhou-se pela terra (portanto, a princípio, obedecendo a ordem do Senhor). Leiamos Gn. 10: 1-2, 5-6, 20-21, 31-32.
Agora... como explicar o fato de que esse capítulo enfatiza repedidas vezes que passaram a haver diferentes clãs, com diferentes línguas, em diferentes territórios e no primeiro versículo do capítulo seguinte (11), tenhamos a afirmação: “No mundo todo havia apenas uma só língua, um só modo de falar”? O que acontecera com aquela diversidade do capítulo 10? Ora, sem precisar assumir uma ordem cronológica exata para o livro de Gênesis, tal contraste radical deveria no mínimo chamar bastante a nossa atenção. Bem... parece-nos que aqui estamos diante do surgimento de um império totalitário, talvez o primeiro da história, já que uma das características de um império é a uniformização da linguagem e dos costumes e a extinção da diversidade e criatividade. E no fim das contas, o que é a história da “Torre de Babel” senão uma estória do orgulho, ganância, vaidade e prepotência humanas?
Os nossos ancestrais tinham recebido uma missão do Senhor e esta era a de “encher a terra”, mas, ao contrário, preferiram dizer: “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra” (Gn.11:4). Ao invés da multiplicação, preferiram o inchamento; ao invés de aceitarem o desafio para ir, preferiram o comodismo do permanecer, ao invés do chamado de Deus para fazer história com suas próprias vidas, preferiram o comodismo de fechar a história em razão de seu próprio egoísmo. Não quiseram fazer a vida bela, mas tentaram fazer seus próprios nomes famosos. Tudo isso desagradou ao Senhor e por isso o Senhor os julgou assim como tinha julgado a Adão, Eva, Caim e Noé antes deles. Só que agora o Senhor os julgou “confundindo suas línguas”. O que era para ter acontecido de modo natural (a diversificação ainda maior das línguas), acabou tendo que ser feito por intervenção divina sob a forma de julgamento (a confusão das línguas). O julgamento veio para que o plano de Deus fosse cumprido.
4. A Bíblia como a Estória da Falência dos Reinos desse Mundo.
A Bíblia conta a estória que Deus está escrevendo através da história humana, isto é, da nossa história. Existem várias maneiras possíveis de se olhar para essa estória de amor de Deus da qual fazemos parte como protagonistas. Podemos olhar para a História Universal como “a história da salvação da humanidade”, “a história da procura de um rei digno de governar sobre a criação divina”, “a história das alianças de Deus com o homem”, dentre outras opções. Todas essas formas estão corretas e são explicações complementares válidas, contanto que Cristo seja colocado no centro, como sentido último de toda a trama cósmica. Como está escrito Ele é “o Alfa e o Ômega” (Ap. 1:8). Outra possibilidade de interpretação da história é uma que tem muito haver com o episódio da Torre de Babel. Podemos interpretar a história humana como sendo o palco utilizado pelo SENHOR para demonstrar que todos os impérios e governos humanos são passageiros, limitados e injustos. Fazendo isso Deus nos prepara para encararmos a verdade já anunciada no livro de Apocalipse, isto é, a de que nenhum ser humano com exceção de um foi achado digno de julgar entre as nações e reinar sobre elas. Em Ap.5:1-14 vemos que o apóstolo João chorou prostrado em sua visão apocalíptica ao ver que não havia ninguém digno de julgar a história, mas um anjo o consola chamando sua atenção para “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” que “venceu para abrir o livro” (5:5).
Enfim, é como se Deus deixasse que nações e impérios surgissem e dominassem por um tempo, permitindo que façam o seu melhor para administrarem a justiça e a paz para a honra e glória dEle. Depois de algum tempo, então, como todas têm falhado em sua missão, Deus as julga por seus próprios pecados e deixa mais claro ainda que só o seu Reino permanecerá no final, pois só Ele é justo, e Cristo é e sempre foi o único Rei digno de reinar sobre a criação divina. Todos os reis das nações têm reinado para sua própria glória em diferentes níveis. Só Jesus reina já e reinará plenamente somente para a glória de Deus e para o bem estar perfeito dos seus irmãos e súditos. Por enquanto, como dizem as Escrituras, o Senhor Jesus está “sentado no trono, à destra de Deus, até que todos os seus inimigos sejam postos por estrado de seus pés” (Sl. 110:1-2 e Hb. 1:13, 10:13). E como está escrito, “Bem-aventurados os humildes de espírito porque deles é o reino dos céus” (Mt.5:3).
5. Aplicação.
· Devemos assumir o nosso lugar como Igreja nessa grande trama cósmica, nos rendendo ao Senhorio de Cristo de uma vez por todas.
· Devemos nos arrepender de nossos projetos imperialistas nas várias áreas das nossas vidas e abraçar o projeto divino da multiplicação, serviço e compartilhamento.
· Devemos nos arrepender do nosso imobilismo e inércia e perguntar ao Senhor como podemos ser úteis no seu reino.
SERMÕES E ESTUDOS EM GÊNESIS

(III). O DILÚVIO: O “basta” de Deus e um toque de graça

Tradicionalmente, o dilúvio tem sido interpretado como evento cataclísmico que consumiu o planeta inteiro. Outra interpretação é que teria consumido o mundo do Antigo Oriente Médio, uma vasta região, mas, não todo o planeta propriamente dito. Essa última interpretação parece mais consistente com as descobertas da arqueologia, e a Bíblia Genebra lembra que a Bíblia é capaz de utilizar uma linguagem absoluta para descrever acontecimentos relativos. Por outro lado, é interessante observar que existem relatos de um dilúvio de proporções extraordinárias em todas as antigas culturas, o que poderia apoiar a visão tradicional.
Independente da interpretação que adotamos, está evidente que o dilúvio representou um ato de julgamento divino em grande escala: é o “basta” de Deus à iniqüidade primordial. Gênesis 6 afirma que Deus “se arrependeu” de ter feito o homem – não é que Deus tenha mudado de idéia quanto à validade intrínseca do projeto da criação [sobre a imutabilidade da vontade divina veja os comentários na Bíblia Genebra] – antes, essa linguagem nos comunica a profunda tristeza e indignação santa que Deus sente ao ver “o mau desígnio” do coração do homem, e de se deparar com o fato de que a terra toda estava “cheia de violência” (v.11 e 13). A referência aos “filhos de Deus” (anjos) possuindo as filhas dos homens (6:4) também aponta para um crescimento do pecado, onde atinge certa dimensão sobrenatural.
Mas, será que Deus na Sua onisciência não previa essa situação toda? Essa não é uma pergunta que a Bíblia faz, (entretanto, poderíamos afirmar que “sim” Deus previa isso, mas, mesmo assim, não desistiu do ser humano). O texto bíblico nos apresenta apenas o lamento do Senhor ao ver a criatura que foi criada com especial potencial criativo, andar nos caminhos da destruição. É uma grande ironia...
Noé, porém, “achou graça perante o Senhor” (6:8) e é descrito como homem “justo” e “íntegro” (6:9). Segundo o ensino do Novo Testamento, (2 Pe 2:5) Noé era um “pregador da justiça”, a implicação sendo que ele teria avisado à sua geração do julgamento de Deus através da sua pregação. O relato de Gênesis não fala disso, se limitando a reportar a obediência que Noé mostra perante Deus, levando Sua palavra a sério e se organizando com sua família para a vida na arca.
A arca (hebraico “baú”), essencialmente uma enorme caixa flutuante, com três andares, era bem prática, construída apenas para abrigar os oito seres humanos e as “amostra grátis” das espécies que tinham que ser preservadas. Mesmo rude, a arca era um sinal da provisão generosa do Senhor, cujo toque de graça está evidente no detalhe dEle ter fechado a porta da arca (7:16). No meio ao julgamento, a misericórdia e a graça de Deus se manifestam – a humanidade terá outra chance através de Noé – Deus “lembrou de Noé” (8:1, isto é, contemplou favoravelmente, cuidou) e dispersa a água com vento.
Conforme Gênesis 6:18, Deus estabeleceria a Sua aliança com Noé, e quando a pomba, é solta pela segunda vez (observando duas vezes um espaço de sete dias, sugerindo que Noé tinha observado o sábado?), não voltou mais, estava na hora do desembarque e da ratificação da aliança, pois a terra já estava seca.
Seria fácil, ao retornar a terra, nesse momento de júbilo, se esquecer de Deus, mas, não é assim no caso de Noé, pois ele resolve agradecer ao Senhor antes de qualquer coisa. Em Gênesis 8:20 – 22, constrói um altar onde oferece sacrifícios a Deus (para esse propósito – e para o consumo - havia levado sete pares dos animais “limpos”), e Deus, agradado pelo sacrifício, promete que jamais castigaria a terra com tamanha força. Deus abençoa Noé e seus filhos (9:1), e confirma a aliança com eles e a sua descendência e com toda a ordem da criação, a aliança tendo como sinal o arco-íris (9:8 – 17).
A história de Noé, por um lado mostra a seriedade com que Deus leva a maldade do homem na terra. Nós também precisamos levar a sério o pecado, principalmente os nossos pecados individuais, adotando uma atitude “tolerância zero” com eles, e voltando a pedir perdão a Deus, confiantes na eficácia do sacrifício de Jesus por nós. Esse primeiro grande julgamento aponta, sem dúvida, para o juízo final.
Por outro lado, com a primeira menção na Bíblia da palavra “aliança”, através da história de Noé, nós vemos o toque salvador de Deus e somos lembrados do fato que as promessas do Senhor sempre se cumprem. Assim como a nova humanidade recebeu uma nova chance através de Noé, em Cristo, pela Sua graça e misericórdia, Deus nos concede não apenas uma nova chance, mas, uma vida nova com novas possibilidades e novos e eternos horizontes.

Como ler a Biblia - Charles Spurgeon

A aplicação deste sermão de Spurgeon é viva e atual. Ele diz:

“A nova vida é recebida através da Palavra de Deus; é o instrumento usado por Deus na regeneração. Ame a sua Bíblia, portanto. Não se afaste dela. Se você está buscando ao Senhor, seu primeiro dever é crer no Senhor Jesus Cristo; mas quando está abatido e nas trevas, ame a sua Bíblia, e examine-a… Nunca houve uma alma que, ao buscar sinceramente a Jesus, na Bíblia, não chegasse à verdade preciosa de que Cristo estava bem perto e acessível”.
Ao expor sua pregação, Spurgeon orienta o leitor sobre o tipo de leitura que produz um relacionamento íntimo com Deus e um conhecimento eficiente da Palavra.


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terça-feira, 19 de agosto de 2008

História dos Hebreus (Completo) - Flávio Josefo


Sinopse:
Tendo atravessado séculos até os nossos dias, a história do povo judeu, através do registro de Flávio Josefo, pemanece como o mais fidedigno elato dos acontecimentos contidos nas Escrituras.
Diversas razões contribuíram para tornar esta uma obra-prima, não apenas a magnitude do assunto, mas também o fato de seu autor ser tanto testemunha ocular quanto coadjuvante de alguns dos eventos por ele narrados. Além disso, o que se revela em História dos Hebreus é a confirmação das promessas de Deus para o seu povo e o cumprimento de sua Palavra em todos os fatos registrados em suas páginas.
O Autor:
De origem judaica, sendo também de linhagem sacerdotal, Flávio Josefo, um escritor e historiador judeu que viveu entre 37 e 103 d.c., escreveu a obra que se tornaria, depois da Bíblia, a maior fonte de informações sobre os impérios da Antiguidade, o povo judeu e o Império Romano

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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Trabalho de Teologia Bíblica

Olá Amigos e Irmãos

Estou disponiblizando meu trabalho final da disciplina de Teologia Bíblica, ministrada pelo Rev. Aldo Menezes, no final do semestre passado.

Espero que, de alguma maneira, possa vir a servir de complemento ao nosso aprendizado.

O Título é: DA QUEDA À REDENÇÃO, Revelação progressiva do plano de salvação de Deus para o homem

Para baixar clique aqui

Você também quer disponiblizar seu trabalho como seminarista?
Mande-me um email: valdoliriojunior@gmail.com


Abraços e a Paz de Jesus

Valdolirio Junior
Seminarista SAT-PB

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Esboços de pregações no livro de Gênesis (2)

SERMÕES E ESTUDOS EM GÊNESIS

(II). A QUEDA: Quando o homem deixa de levar a sério o “não” de Deus

Limites fazem parte da vida para o nosso próprio bem. Não foi diferente no jardim do Éden. Deus garantiu a liberdade do homem, o deixando escolher as frutas que ele quisesse comer, com uma só ressalva: “da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás” (2:17). Ao que parece, foi um teste (assim como no caso de Abraão em Gênesis 22) para ver até onde iria a obediência e fidelidade do ser humano. Infelizmente, o homem falhou, desobedeceu e pecou contra Deus: não levou a sério o “não” divino.
No vocabulário hebraico o “não” utilizado aqui é lo, a palavra negativa mais forte que quer dizer “em hipótese alguma”, “não mesmo”; é a palavra de proibição que aparece nos Dez Mandamentos. Ao invés de ouvir e respeitar esse “não” de Deus, o casal humano dá ouvidos à serpente. Assim como Satanás quando tentando Jesus no deserto (Mt. 4), aqui a serpente tenta instigar o casal a questionar a Palavra de Deus. Ela sugere um caminho alternativo à mulher, e o casal (igualmente responsável pela sua queda), cobiçando ser “como Deus” acaba comendo do fruto proibido.
Os resultados da desobediência são trágicos. Os olhos do casal realmente estão abertos, mas, não em um sentido positivo. O sentimento de vergonha referente à sua nudez é complementado pelo sentimento de culpa que motiva o casal a se esconderem quando o Senhor aparece no jardim. Na decorrência de Gênesis 3 percebe-se a degeneração dos relacionamentos - o homem culpa a mulher pelo pecado (e implicitamente o próprio Deus (3:12)) , enquanto a mulher, por sua vez, culpa a serpente. Até hoje “a raça de Adão” tem grande dificuldade em assumir os seus erros, preferindo culpar os outros pelos deslizes e delitos cometidos...
O castigo de Deus vem sobre a serpente e o casal, e como medida preventiva, os seres humanos são excluídos do jardim, perdendo o acesso à árvore da vida. Nas palavras de John Goldingay:

“Gênesis 3 é uma história que mostra como o ato de não ouvir a voz de Deus prejudica os relacionamentos entre humanos e Deus, entre o homem e a mulher, entre o homem e a sua vocação e entre a humanidade e o mundo”.

A partir do pecado original, a morte entra no mundo de forma espiritual (o relacionamento com Deus não é mais o mesmo), de forma existencial (agora a existência do homem será árdua) e de forma física (a imortalidade fica fora do alcance da humanidade). O livro de Romanos no Novo Testamento sustenta a historicidade da queda, e ensina que o pecado de Adão foi transmitido a toda raça humana de forma que, “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm. 3:23). Quando o “não” de Deus é desconsiderado, os resultados são sempre trágicos. O mesmo vale para a nossa vida...
Por outro lado, é importante salientar a existência do “sim” de Deus. Esse “sim” representa a Sua graça e misericórdia. O “sim” de Deus está evidente em Gênesis 3 quando, apesar da desobediência do casal, Deus fez vestimenta para ele (3:21) o que demonstra o seu cuidado para com eles. Os seres humanos foram infiéis, mas Deus é fiel. O Senhor continua a prover o homem, mesmo num mundo prejudicado pelo pecado.
A justiça de Deus está em ação, mas, ao mesmo tempo, a graça divina permeia a narrativa. Na história de Caim (Gn. 4) o “sim” de Deus novamente aparece. A oferta de Caim (por algum motivo não especificado) é menos aceitável do que a de Abel, e Caim fica triste e irado. Deus, porém, faz questão de ir até ele (4:7) – o profere uma palavra de encorajamento e também aviso – está dando a Caim uma nova chance. Mas, Caim, dominado pelo pecado, acaba matando seu irmão. Diante desse crime Deus aplica medidas punitivas (4:12), mas, assim como no caso de Adão e Eva, continua a pôr sua mão sobre Caim: “pôs o Senhor um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse” (4:15).
A graça e a misericórdia de Deus se manifestam apesar dos pecados da humanidade. Essa mensagem é a mensagem do evangelho, presente como um fio dourado em toda a escritura sagrada, tendo seu cúmulo em Jesus. Jesus é o “sim” de Deus, Deus entrando em nosso mundo decaído, Deus encarnando e encarando a nossa realidade e morrendo numa cruz para nos salvar.
Na atualidade precisamos estar atentos tanto ao “não” de Deus como ao “sim”. O “não” da lei divina nos lembra que existem limites postos pelo Senhor para o nosso próprio bem e prosperidade. O “não” é para nos orientar no meio das tentações e ciladas de Satanás. Por outro lado, o “sim” – bem mais importante do que o “não” – é a palavra de salvação. É a afirmação de que existe um segundo Adão (cf. Rm. 5), que a vida já conquistou a morte (Jo. 1:5), e que somos novas criaturas em Cristo (2 Cor. 5:17). É a certeza de que mesmo falhos e fracos, Deus está conosco para nos perdoar, restaurar, e levantar em Cristo.

Rev. Marcus Throup

Esboços da série de pregações no livro de Gênesis - Intro

SERMÕES E ESTUDOS EM GÊNESIS

INTRODUÇÃO

Há quem chega ao livro de Gênesis com uma lista de perguntas, tipo: “O que foi que Deus andou fazendo antes da criação do universo? Será que a criação se deu em seis dias mesmo (lembramos que no sétimo Deus descansou)”, ou já que “um dia é como mil anos para o Senhor” (2 Pe. 3:8) deveríamos pensar em termos de milhares de anos ou até milênios? Por que “No princípio, criou Deus os céus e a terra” se Ele já sabia que ia dar errado com Adão e Eva? É possível conciliar a teoria evolucionista de Charles Darwin com os relatos bíblicos da criação? E essa história da serpente falante? Etc.
Ora, embora nós tenhamos interesse em responder tais perguntas, é importante entender que na maioria das vezes, Gênesis não se preocupa com elas, nem se interessa em respondê-las. Não adianta tratar o livro de Gênesis como se fosse uma enciclopédia ou uma obra de teologia sistemática cuidadosamente organizada em tópicos para tirar todas as nossas possíveis dúvidas sobre as origens do mundo. Não é assim, e não é por aí...
Mas, nesse caso, seria Gênesis irrelevante hoje em dia, uma mera relíquia religiosa da antigüidade? Como diria o apóstolo Paulo – de jeito nenhum! O livro de Gênesis, como literatura sagrada divinamente inspirada tem muito a dizer sobre Deus, a humanidade e o mundo. É um livro de caráter teológico que fala poderosamente para a realidade da nossa existência - hoje.
A minha preocupação é simplesmente deixar o texto bíblico falar nos seus termos, ao invés de indagá-lo referentes assuntos sobre os quais ele mantém o silêncio. Estou interessado sobre o que Gênesis afirma sobre Deus e os seres humanos, e embora toquemos em questões polêmicas, não pretendo perder tempo no labirinto das especulações quanto àquilo que Gênesis não aborda e não afirma.
Creio que esse tipo de abordagem – a que reconhece que o livro de Gênesis tende a levantar perguntas próprias ao invés de responder as nossas – é a mais honesta, e a que leva o texto bíblico a sério. Ao invés de sujeitarmos Gênesis à nossa agenda, às nossas preocupações, e aos nossos interesses particulares, nos sujeitaremos a Gênesis para que Deus fale aos nossos corações através do livro, sobre a Sua agenda, as Suas preocupações, e os Seus interesses.


(1). NO PRINCÍPIO: Deus, o mundo, e o ser humano
Gênesis 1 – 2:3 e Gênesis 2:4ss. tratam da criação do universo e da humanidade. Podem ser considerados como dois relatos sobre o mesmo evento (a criação), e são complementares.
O criacionismo entende Gênesis 1 ao pé da letra, de forma literal: que o mundo foi criado em uma semana, e que a origem do universo é mais recente do que a pesquisa da paleontologia sugere. Existem, porém, outras interpretações do relato bíblico da criação, e teólogos, como John Stott (no seu comentário sobre “Romanos”), mostram como a linguagem teológica e simbólica de Gênesis pode ser compatível em muitos aspectos com a pesquisa científica atual acerca das origens do universo e do ser humano.
Esse debate não nos concerne aqui. O que nos interessa são os princípios que o livro de Gênesis traz à tona: organizemos esses princípios em três categorias, Deus, o mundo, e o ser humano.

DEUS
A Bíblia (e Gênesis 1) começa com (e na) presença dEle. Deus não se interessa em nos informar sobre as suas atividades até então, nem comenta sobre a Sua origem. Na verdade, Ele nem revela seu nome (isso acontece somente em Êxodo 3 no episódio da sarça ardente). Deus é Deus e tem todo direito de se revelar como Ele quiser, quando Ele quiser e com quem Ele quiser. Porém, aprendemos certas coisas sobre Ele através da história da criação. Aprendemos, por exemplo, que Ele é o único Deus. Diferente de relatos de outras culturas antigas da região, não existe um panteão de deuses, e o sol e a lua não têm personalidade própria (1:16), não são “deuses”, são apenas luzeiros criados por Deus. O monoteísmo (crença em um só Deus) explícito nos Dez Mandamentos e salientado no livro do profeta Isaías está presente também na primeira página da Bíblia.
O cristianismo acredita que existe um só Deus, mas que esse Deus é três pessoas em um (Pai, Filho e Espírito Santo). Embora não esteja explícito, podemos detectar a ação de Deus como Santíssima Trindade na narrativa bíblica da criação. Conforme Gênesis 1:2 o ruah (que pode ser traduzido como “vento” ou “espírito”) pairava sobre as águas. Muitos comentaristas cristãos entendem que essa é uma referência à participação do Espírito Santo da criação. Do mesmo modo, o “façamos” de Gn. 1:26 parece apontar para a pluralidade do ser divino, e já que o Novo Testamento sustenta a participação de Jesus no ato da criação (cf. Cl. 1:15 – 17), faz sentido interpretá-lo dessa forma.
Conforme o teólogo John Goldingay, o Antigo Testamento oferece uma série de imagens para entender como Deus formou o mundo. Ele agiu como executivo, como rei, como mãe dando à luz, e como artista brilhante. Ficou muito satisfeito com a sua obra, pois, “viu que era bom”.

O MUNDO
O livro de Gênesis deixa absolutamente claro que o mundo, criado do nada por Deus, no seu estado original foi perfeito. O número sete, símbolo da perfeição e plenitude no pensamento hebráico domina o primeiro capítulo de Gênesis. Por exemplo, no original, a primeira sentença de Gênesis 1 contém exatamente sete palavras, e a segunda sentença quatorze (2 x 7). A palavra “Deus” ocorre 35 vezes (5 x 7), “terra” 21 vezes (3 x 7), e as frases “E assim se fez” e “viu Deus que era bom” sete vezes.
Diferente do pensamento platônico dos gregos, a bíblia valoriza o mundo material e físico. O ser humano é feito “do pó da terra” (2:7), fato que indica uma estrita ligação entre o ser humano e o seu ambiente. O homem depende do seu ambiente para (sobre)viver, mas, ao mesmo tempo o ambiente, poderíamos dizer meio-ambiente, está na dependência do homem, já que ele tem que “cultivar” e “guardar” o jardim (2:15).
Frente à atual depredação do meio-ambiente, faz bem lembrar que parte do propósito original de Deus para o ser humano era que ele cuidasse da terra. Gênesis 1 e 2 têm tudo a ver com questões ecológicas, e temas atuais, tais como o aquecimento global e o desmatamento descontrolado das nossas florestas. Infelizmente, temos negligenciado nossas responsabilidades entregues desde a criação.

O SER HUMANO
Criados “na imagem e semelhança” de Deus, tanto o homem como a mulher são criaturas especiais e sagradas. Recebem de Deus “o fôlego da vida” (2:7), e possuem almas. Hoje a vida humana é barateada, mas Gênesis urge, pelo menos implicitamente, que a vida humana seja valorizada e preservada. Todo discurso a favor dos direitos humanos encontra bastante apoio no início da Palavra de Deus.
O casal humano parece em pé de igualdade: são parceiros no trabalho de procriação (e do governo da terra). Por enquanto, a relação entre os dois, e a relação do casal com Deus está harmoniosa. Se trata sim, de um verdadeiro paraíso... (continua)

Rev. Marcus Throup

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Deus no Inferno ou Deus do Inferno?

Uma breve reflexão sobre a meditação do Rev. Simonton

“Se Deus é onipresente, Ele estaria no inferno?” Depende. Depende da definição de termos e da postura lógica e/ou teológica do intérprete.

Primeiramente, há comentaristas bíblicos e teólogos que desacreditam no inferno como local. Segundo eles, embora Hades, o inferno no mundo greco-romano e na tradição judaico-cristã, tenha sido representado como lugar, tal representação poderia ser interpretada metaforicamente, de forma que, o inferno seria mais um estado ontológico após a morte do que a isolação da alma a uma região geográfica como medida punitiva. Conforme essa visão, qualquer realidade física da experiência pós-morte é dissolvida. Já que nessa leitura o inferno não se trata de uma categoria espacial, a pergunta sobre a presença de Deus nele seria necessariamente desqualificada como non sequitor.

Todavia, utilizando o princípio agostiniano da hermenêutica – de que o claro ensino do texto deve prevalecer – afirmamos que a Sagrada Escritura parece indicar que o inferno se trata de uma realidade física, “um lugar de castigo” nas palavras do Reverendo Simonton. Se é que o inferno existe como região geográfica delimitada (Lucas 16 menciona o abismo que separa o inferno do lugar abençoado onde se encontra o pobre Lázaro no seio de Abraão), a nossa pergunta entra em campo novamente. Penso que existam duas respostas possíveis, a puramente lógica e a teológica.

Conforme a lógica pura, o fato de Deus ser onipresente necessita a afirmação de que Ele está no inferno, pois, se Ele não está no inferno Ele não poderia ser onipresente. O problema, porém, é que a bíblia e a tradição da igreja enfatizam o elemento da separação que há entre o Céu e o inferno. O inferno parece ser caracterizado pela ausência e não a presença de Deus; é por isso, afinal, que o inferno é um lugar tão terrível. Aqueles que respondem à pergunta por meio da lógica pura afirmam que Deus está sim presente no inferno, Simonton escreve:

“Há dois aspectos do castigo no inferno – a dor da perda e a dor de sentir. A dor da perda é a ausência de tudo que é bom; mais significativamente é a separação de Deus. Isto não quer dizer que Deus não está no inferno; significa que aqueles no inferno não terão comunhão com Deus e não experimentarão nada de Seu amor, graça ou benção. Em outras palavras, eles serão isolados de qualquer gozo de Sua glória espetacular.” (grifo nosso).

Nós concordamos com as afirmações de Simonton, mas questionamos a necessidade da conclusão que está grifada. A tentativa de proceder na base estrita da lógica acaba sacrificando a mesma, pois, se como Simonton afirma de Mateus 25:30 que o inferno indica “uma ausência de todo bem”, Deus que se auto-define com a palavra amor não poderia estar presente, da mesma forma, se Deus é luz e nele não há nenhuma escuridão, a lógica pediria que o inferno fosse pelo menos iluminado pela presença literal de Deus nele, mas a impressão que temos dele da Sagrada Escritura é que é um lugar da mais profunda escuridão e trevas.

Mais adiante o autor afirma: “Embora Deus não esteja no inferno em graça e benção, Ele está lá em santidade de ira”, agora estamos nos aproximando mais à resposta teológica que entende a presença de Deus no inferno em termos dos seus atributos como justo Juiz. Dizer que Deus “está lá em santidade de ira” poderia ser interpretado como afirmar que o inferno não escapa da sua esfera de influência. Ou seja, figurativamente, Deus está presente no inferno, assim como – inegavelmente, de certa forma, o autor está presente no livro, mesmo que ele não se enquadre fisicamente entre as suas páginas.

Contudo, Simonton (a não ser que empregue o verbo “estar” de forma não literal) parece insistir na presença literal de Deus no inferno:

“Novamente, é importante notar que quando falamos daqueles no inferno como estando “separados” de Deus, isto não significa que Deus não está no inferno. Significa que os perdidos serão separados da comunhão com Ele – eles não experimentarão Sua gloriosa presença e amor, mas antes a Sua ira e desprazer.”

Ora, é difícil tirar essa conclusão do texto que é citado (2 Ts. 1:7-9), quando esse explica que aqueles que sofrerão “a perdição eterna” serão “banidos da face do Senhor e da glória do seu poder”. Novamente, a busca de provar o princípio da onipresença divina através da lógica acaba se equivocando, pois, para a lógica e a filologia, separação implica distância, e ausência física.

Para evitar o impasse a resposta teológica à pergunta responderia que Deus sim é onipresente, mas que se manifesta no inferno através da sua própria ausência. Assim, Ele está presente no inferno (figurativamente) na sua justiça e “em santidade de ira”. Se essa abordagem - falando estritamente - fere os princípios da lógica, questionemos até que ponto a lógica pura é adequada como ferramenta para decifrar esse tipo de problema.

Na história da igreja quando se trata dos mistérios da fé, existe essa mesma indagação quanto aos limites de uma interpretação que procura preservar a lógica. Na época da Reforma Protestante, por exemplo, surgiu uma polêmica entre Luteranos e Calvinistas no contexto da teologia da eucaristia. Calvino, trabalhando a tese lógica Finitum non capax Infiniti (o finito é incapaz (de assumir) o infinito), ou seja, a natureza humana de Jesus é incapaz de assumir plenamente a natureza divina, formulou o que tem sido conhecido como o extra Calvinisticum – a idéia de que a deidade de Cristo existiu não somente em Jesus, mas de certa forma, além de e independente do Verbo Encarnado. Aqui, o recorrer à argumentação lógica acaba criando sérias dificuldades para a cristologia, pois, como Deus, Jesus é onipresente, mas como homem é limitado à mão direita do Pai – diferente da visão luterana da ubiqüidade em que Cristo como um todo é onipresente – a interpretação Calvinista acaba ameaçando a unidade das duas naturezas de Cristo e parece criar uma espécie de Senhor esquizofrênico.

Para concluir, portanto, posso afirmar que estou de acordo com quase tudo o que o Reverendo Simonton elaborou. Fica claro, no entanto, que a interpretação de Simonton é uma das possíveis, mas não a única. Ao invés de afirmar que “Deus está no inferno”, declaração essa que tende a confundir aqueles irmãos menos instruídos, sugiro que seja mais proveitoso afirmar que Deus é soberano tendo plena autoridade sobre o inferno e que assim, não seria Deus no inferno, mas Deus do inferno (o inferno estando sujeito a Ele assim como a terra e o Céu).

Autor: Rev. Marcus O. Throup -
Missionário da SAMS (Inglaterra) - Teólogo residente da Con-Catedral em João Pessoa/PB - Professor do SAT-PB

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O Cristão Precisa Estudar Teologia?


A pergunta acima parece merecer mesmo um "não" como resposta. E creio que 90% das pessoas que lêem tem a mesma resposta de imediato na ponta da língua: Não! E o dizem por duas razões:

Primeira razão: A palavra seminário está fortemente ligada a teologias filosóficas, exigente de infinitos livros, o que está longe do alcance dos irmãozinhos que falam em línguas estranhas em cima do púlpito. As inúmeras críticas aos seminários, oriundas de alguns pregadores neopentecostais, são muitas vezes movidas por um íntimo sentimento de defesa, pelo pesar de não poder ter feito. No mais profundo de sua consciência ele sabe que o estudo da Palavra de Deus se faz necessário, e a cada dia de sua jornada cristã isso lhe pesa mais. Sua única saída é disparar críticas à "teologia". Nem sempre o irmãozinho que pula, fala em línguas, entrega profecias e revelações, pode estar servindo a Deus realmente, e as Escrituras já nos alerta sobre isso: "Muitos me diräo naquele dia: Senhor, Senhor, näo profetizamos nós em teu nome? e em teu nome näo expulsamos demónios? e em teu nome näo fizemos muitas maravilhas? E entäo lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade". (Mateus 7:22)

Segunda razão: O raciocínio de alguns sobre servir a Deus, é ligado aos tempos bíblicos em que "não existia seminário" e nem por isso os servos de Deus foram desqualificados. É lógico que nào existia o termo "seminário", nem as estruturas que hoje se encontram (apostilas, livros, vídeos, etc). O que poucos procuram se informar é que o estudo da Palavra de Deus era DIÁRIO. "E todos os dias, no templo e nas casas, näo cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo". (Atos 5:42)

No Antigo Testamento os seminários eram práticas evidentes haja vista as famosas Escolas dos Profetas dirigidas por Elias e Eliseu. Estes seminários eram verdadeiros muros, baluartes contra os que ameaçavam destruir a Casa de Israel.

Aos 12 anos de idade Jesus foi encontrado em meio aos sábios no templo. "E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os". (Lucas 2:46). O versículo acima revela que Jesus não somente falava, mas também OUVIA os doutores no templo. Claro que Jesus, o Filho de Deus, não dependia de aprender daqueles doutores. Mas porque a Bíblia Sagrada nos registra esta passagem? Nós somos imitadores de Cristo, como disse o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 11:1: "Sede meus imitadores, como também eu de Cristo". O Senhor Jesus nos deixou o exemplo a seguir. Paulo não largava os estudos dos pergaminhos e dos livros: "Quando vieres, traze a capa que deixei em Tróade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos". (2 Timóteo 4:13).

Portanto, o nome seminário não existia nos tempos bíblicos, como não existia a "escola dominical", como não existia caixas-de-som, microfone, violão, etc...

A TEOLOGIA, tão criticada por muitos, nada mais é que o estudo acerca de Deus.

Theo=Deus Logia=Estudo.

A falta de preparação com base na Palavra de Deus, levam milhares de irmãos a criarem os ísmos da fé evangélica. São criadas doutrinas, costumes, rituais, crendices, supertições evangélicas, ler o salmo 91 sete vezes para proteção, clamar "O Sangue de Jesus Tem Poder" para expulsar demônio (Jesus disse que em seu nome expulsaríamos os demônios - Marcos 16:17).

"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento". (Oséias 4:6)

Grupinhos "de fogo" paralelos a igreja vão crescendo longe do conhecimento do pastor. Geralmente iniciam na casa de algum irmão (vaso) que é visto como um "mistério" entre os que nada entendem e saem destas orações sem entenderem menos ainda. Ao serem questionados sobre qualquer assunto relativo ao movimento, a resposta que têm é única e imperativa: "-É mistério, irmão!"

Sinceramente, não pode haver mistério para quem está na luz. Para quem está sob a luz as coisas tem que estar claras. Só fica escuro, confuso, misterioso, para quem está em trevas. "Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho". (Salmo 119:105)

As drásticas conseqüências não demoram a vir. Confusões, disputas de vasos, revelações que não se cumprem, etc. Como pastor pentecostal quero deixar bem claro que creio nos dons espirituais, e gosto das reuniões de oração onde o Poder de Deus se faz presente, porém a Palavra de Deus ainda é o maior Poder de Deus que recebo em minha vida. "Porque näo me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus". (Romanos 1:16a)

Não é difícil encontrar casos de irmãos e irmãs, que eram vasos-de-fogo na igreja, e caíram, se desviaram, casos de adultérios, fornicações, embolados com profecias, visões, e outras manifestações "misteriosas". O alicerce desse povo era o "pula-pula" pentecostal, e não viver o Evangelho de Cristo.

"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha". (Mateus 7:24,25)

Uma das maiores aberrações que ouvimos constantemente é que não se estuda teologia porque "a letra mata". Quando o apóstolo Paulo afirma em 2 Coríntios 3:6 que a letra mata, ele se referia a LETRA DA LEI, que os judeus queriam viver. Basta ler todo o texto para compreender o que Paulo diz. A letra da palavra de Deus jamais poderia "matar" um cristão. O próprio Jesus ensinou: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam". (João 5:39).

Uma das provas da importância do ensinamento está claramente relatado em Atos 8:30,31:
"E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse".

Felipe ouviu que o Eunuco lia o livro do profeta Isaías, e perguntou se ele entendia o que lia, o Eunuco disse que não, e ele o explicou. Isso é o que faz um seminário!

"Portanto ide, ensinai a todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". (Mateus 28:19)

O erro na vida do cristão deve-se a falta de conhecimento da palavra de Deus:
"Errais, não conhecendo as Escrituras, e nem o poder de Deus". (Marcos 12:24)

Não conhecendo as Escrituras, logo não conhece o Poder de Deus, porque são as Escrituras que testificam de Jesus, lembra-se? João 5:39: "Examinais as Escrituras... são elas que de mim testificam".

A capacitação para a obra é um fator de real importância para a vida do obreiro quer realmente estar na Seara do Senhor. Veja o que diz a Bíblia:
"E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um SEGUNDO A SUA CAPACIDADE". (Mateus 25:15)

Se não nos esforçarmos em aprender a nos capacitar para a obra de Deus, não receberemos talentos além da nossa capacidade, como nos mostra o versículo acima. O tempo de cristão pode ter seu valor, pois a experiência tem seu lado essencial. Mas o conhecimento é de vital importância.

"Sou mais prudente do que os velhos, porque guardo os teus preceitos". (Salmo 119:100)

Veja a importância do conhecimento na vida de Moisés:
"E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras". (Atos 7:22)

Ele estava capacitado a ir diante de Faraó. Ele era PODEROSO em suas palavras e obras porque foi instruído. O versículo de Atos 7:22 é claro: instrução=poder.

Muitos, vivendo ainda uma preguiça mental de se aprofundar mais nas escrituras, ainda tentam se escorar em João 14:26, que diz: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito".

Sim, nos ensinará. Mas como? Se ficarmos com os braços cruzados e a Bíblia fechada? Qual a razão de se existir a Bíblia, então? Porque razão então não ensinou ao Eunuco, precisando Felipe o explicar?? Realmente, Deus nos ensinará todas as coisas, através do seu Santo Espírito, a partir do momento que nos esforçamos a buscar o conhecimento. Assim como Deus fala nos dias de hoje, usando os seus servos que se esforçam a cada dia em pregar a Palavra. O exemplo de Pedro, como pescador humilde, sem muita cultura, é o que alguns dos neopregadores tentam se desculpar a sua ausência nos seminários. Mas se esquecem que os estudos da Palavra de Deus nos dias de Pedro eram TODOS OS DIAS. (Atos 5:42). O próprio Pedro aconselhou:

"Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo". (2 Pedro 3:18)
"E estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós". (1 Pedro 3:15)

Denis de Oliveira (pastordenisdeoliveira@hotmail.com)
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